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08
Jun14

One hit wonder

por oladolunar
Depois de uma longa pausa em que me dediquei a algo mais importante do que o que possa acontecer a este país e a todos quanto nele habitam (sim ainda há lugar para essas coisas) , vou escrever aqui o meu último artigo e se tudo me correr bem desaparecer da blogosfera, ir para bem longe, e ser, com certeza, menos sábio, mas mais feliz.

Nada mudou, nem irá mudar. O Fernando Tordo, o meu one hit wonder post, continua no Brasil, arrasando o Portugal de hoje, divorciado de Abril e dos de Abril, sempre que lhe dão voz para isso. Os Portugueses continuam a sua via dolorosa verso sabe se lá o quê ou onde, queixume afinadamente carpido, e eu continuo dentro de um avião da TAP, rumo a Lisboa, vindos de Bucareste, Roménia.

A minha decisão de deixar de escrever, antecipada pelo longo interregno desde a publicação do meu último post é simples: não há massa crítica em Portugal. Nem nos blogs, nem na Televisão e muito menos na esmagadora maioria de quem comenta, perdão, de quem calunia quem se atreve a ter uma visão diferente sobre um problema ou um acontecimento. O meu post sobre o Fernando Tordo levou o meu nome a todo o lado, e na maior parte das vezes para o encharcarem de lama. Até na Televisão,tive imerecido destaque: a Clara Ferreira Alves e o Daniel Oliveira, disseram que não sabiam quem eu era: passo a explicar, sou um músico com opiniões e experiência de vida na vida modesta mas gloriosa que levo. Amanhã estarei a tocar na Arrepele Romene em Bucareste para 5000 pessoas. Admito que algumas até me possam conhecer.

O que eu não sou mesmo, é um parasita do próprio aparelho que o sustenta, pago para criticar e pago para se achar melhor do que a mão/estrutura que o alimenta. Não fora tanta inépcia do sistema a apontar, estas pessoas ficariam sem trabalho e sem sustento, pelo que, talvez, aderissem à moda e levassem a sua corte também para o Brasil. Boa viagem. Também não lhes reconheço nenhuma capacidade, nenhuma ideia que se tenha aproveitado de e para a mudança. Andam por aí, tal como eu, tal como os outros, mas conseguem ver tudo melhor que os comuns. Ficarão para a história? Terão um nome de rua? Alguém pode atestar da sequência prática do que despejam nos programas? Alguém já se sentiu inspirado a agir por esta duvidosa elite?


Falar é sempre fácil, comentar ainda mais. Mudar vidas...nem por isso. De resto: velha história, para lá de Badajoz ou se calhar ainda mesmo no nosso Alentejo o seu anonimato será porventura mais preocupante que o meu.

Mas, lá está, exemplos e histórias passadas. O que retiro daqui é que a esmagadora parte dos comentários foram ofensas, má-criações, calúnias. E essas, para mim, definem a arte de bem discutir em Portugal: disparar primeiro, conversar depois. Não tenho feitio para comer e calar, para trolls, para haters, para merdas. Muita gente veio ter comigo na rua a dizer "deste-lhe bem". Errado. Não dei bem a ninguém. Disse a minha opinião. Para que não se pense que há só uma maneira de viver e ver a música em Portugal.

As pessoas que vem ter comigo na rua e não conhecem muito bem o que os Moonspell fazem, nunca sabem muito bem o que dizer também. Talvez seja a altura de assumir o nosso caracter alienígena. Não há massa crítica, ninguém reflecte sobre as coisas e a vontade de mudar na nossa cena musical é nula. Quando se fala de um artista grande, seja da boca do Pop, do jornalista armado em bad boy, do metaleiro...dizem-me sempre o Tony...tens de respeitar que ele é um profissional...e nós somos o quê? Uma brincadeira? Enfim o tamanho interessa. De resto é um ir e vir de vaidade e um medo terrível de que as coisas mudem e que de repente não se fale (ainda) mais do Tony, ou não se cante Abril, em bom e acordado português.

Adiante, o futuro é negro. Portugal está nas mãos do seu próprio povo que, à primeira oportunidade, o destrói, distribuindo desculpas e acusações como rajadas de G3. Generalizando, tal como eu.

Estou no meu direito quando não quero ser parte disso. Estou no meu direito quando digo que continuo a amar o meu país, independentemente do Tordo ter emigrado, de eu ter trabalhado para o Estado oito vezes nos últimos dois anos e de ser um perfeito desconhecido para a esquerda caviar.Amo Portugal. Esse amor, que não se explica, irá inspirar-me sempre para fazer algo que quer o burguês, quer o remediado, se tem esquecido de fazer e que antigamente nos destacava enquanto povo: conquistar.


E é dos palcos de Bucareste que vos saúdo, agradecendo a todos quanto leram este blog, pelas propostas e convites sérios que espontaneamente aqui surgiram. Aos que me ofenderam, o meu ditado romano preferido: Às aguias não importam as moscas.

Até sempre ou até nunca!,Conforme for o vosso desejo..



PS: Sou o segundo a contar da esquerda. Os outros são a minha banda, a minha familia lunar, os meus verdadeiros amigos. "Emigramos todos os anos."


36 comentários

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Angelo Pereira 12.06.2014

Meu caro Fernando, sou teu/ vosso fã desde os primórdios, da velha guarda, desde o Wolfheart que foi para mim um marco no metal nacional e uma inspiração. Tive em tempos uma banda e queríamos ser como vocês. Cantamos e tocamos o Alma Mater até à exaustão, até mais ninguém nos conseguir aturar! Fico feliz por ver que recentemente tens todo uma exposição pública mais mainstream, ou seja, não num sentido negativo mas enquanto músico e enquanto despertador de que há mais música, mais cultura para além das brasileiradas e dos pimbas e dos pop que vêm dos EUA. É bom que as pessoas tomem consciência que o metal não é um sub mundo obscuro onde predominam os cultos duvidosos nem as drogas; que se saiba que as pessoas com tattoos e cabelos compridos não são marginais nem devem ser marginalizados. Mas em todo o caso isso também traz o lado negativo, que são as críticas depreciativas ou bota abaixo. Aliás, o bota abaixismo é um cancro da sociedade portuguesa onde ninguém faz mas todos criticam quem tem essa ousadia. O povo português é useiro e vezeiro em criticar e comentar o seu mal estar mas em surdina, porque na hora da verdade ninguém faz nada e, como ovelhas em rebanho, lá vão aceitando todo o tipo de ordens e subtrações que lhe são impostas por aqueles em quem votam para lhes arriar no pêlo. Saúdo te pelas tuas palavras sábias e corajosas, pela pessoa recta que acredito que sejas. Muito para além de um género, música ou cultura alternativa; enquanto português revoltado com a massa acéfala que destrói quem tenta ser diferente e que nessa diferença tenta, da mesma forma, elevar o nome de Portugal e levar além fronteiras o melhor que por este rectângulo se faz. Bem hajas meu amigo. Um forte abraço a ti e aos teus companheiros de armas. 'A sorte protege os audazes!' - mas o trabalho árduo dá uma ajuda imensa! Que continuem a ser grandes mundo afora e a levar o nome Portugal além fronteiras! Bem hajam!
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Nelson Soares 12.06.2014

Força Fernando! A coragem, a frontalidade e a humildade do seu discurso, lamentavelmente, não colhem admiração nos contestários de pacotilha e no bas-fond mediático que diariamente vomita as boçalidades do costume. Mas certamente que lhe dá tranquilidade de espírito saber que depende zero dessas excrescências para existir e ser reconhecido pelo seu trabalho e talento. Não desista nunca...
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Reaper 12.06.2014

Não posso dizer que compreenda completamente o sentimento de indignação, mas acho que só quem está na pele do Fernando é que percebe completamente. Parece que há aqui um foco somente no que os outros dizem e pensam, esquecendo-se que, por mais negativo, mal criadas e medíocre que essas opiniões sejam, eles têm o direito de as exprimir - cabe a nós ignorá-las. Desde que estejamos cientes do que dissemos e não haja arrependimento, poderemos estar em paz com nós próprios. Pelo menos é assim que eu vejo as coisas.

É pena ver um grande artista com a alma perturbada, mas no fim de contas, uma alma assim faz parte do romanticismo e da arte em si.
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Anónimo 12.06.2014

...vamos ouvir Alma Mater!
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Carla Maia 12.06.2014

Olá pela primeira vez estou e comentar um blogue, apesar de seguir vários à muitos anos, quando finalmente encontro um blogue em que me identifico, eles tendem sempre a fechar portas, com muita pena minha, não ligue ao o que os menos infortunados dizem, viva e escreva o que lhe vai na alma. Os Moonspell sempre foram uma banda incompreendida por parte da comunicação social, como é que uma banda com tanta conotação internacional, não é "falada" em Portugal, país muito pequenino o nosso. Como se costuma dizer: " os cães ladram, mas a caravana passa". Até sempre Carla Maia
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Filipe Ramos 12.06.2014

Boa Noite Fernando

permita-me subscrever na íntegra o seu texto..... curto, grosso e, dá a volta no pescoço de muita gente

grande abraço

Filipe Ramos
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Anónimo 17.06.2014

Fernando,
Confesso que também descobri o blog por causa do Fernando Tordo. E tenho pena.
Mas a tua música conheço-a há muitos anos.
Bem como a ti. Não pessoalmente, o que lamento, mas a ti ... voz de Portugal em muitos e muitos países. Basta consultar o Youtube. Já te vi em dezenas de sitios, desde o "tal" Brasil ao Chile, EUA, Rússia, Roménia, Argentina, Alemanha, sei lá!
Já te vi em todo o mundo.
Sou, por isso, "apenas" mais um dos que te "conhecem", que te admiram e provavelmente que te pedem para que não acabes com o teu blog, porque isso seria valorizar quem não te conhece e opina (porque é pago).
Da minha parte "só" prometo começar a segui-lo!
Abraço.
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scarlett black 18.06.2014

Tenho lido este blog desde o primeiro post, esse tal one hit wonder que foi o comentário à partida de Fernando Tordo, e desde então que o faço regularmente, ou antes, tão regularmente quanto houve algo novo que ler. Nunca comentei, se calhar inadvertidamente integrando esse grande grupo que, não disparando calúnias a torto e a direito, se fica por ler, talvez até pensar ou não sobre o assunto, e nada acrescentar; mas julgo que a maioria das vezes o tenha feito a receio, que isto de ser jovem e já querer ter opiniões é sempre olhado de lado, e tenho esperança que a idade me sirva de desculpa embora saiba que não o é. Resta-me dizer que vou sentir falta de ler posts destes: a voz dos que reconhecem as falhas sem deixar de parte o amor à pátria mal se ouve hoje em dia. Diz-se mal ou bem, nunca os dois. Bons concertos, na Roménia e onde for o próximo, e que venha daí um até sempre.
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flandria iris 03.07.2014

desculpa lá mas....vais ser vencido??
o objectivo de quem te "ataca" é mesmo para deixares de ter opiniões e pensamentos, pensa nisso...

eu nasci depois de abril 74, mas acredito que se tivessem continuado calados como até aí, nada teria acontecido, e aí sim...não poderias ter opinião que não fosse a dominante...

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Lucia 17.07.2014

Fernando tenho imensa pena que termine com este blog porque era dos poucos que me dava prazer ler...Não sou fã da sua banda mas respeito, e muito o vosso trabalho!! Continuem assim verdadeiros, que é isso que faz falta na nossa sociedade!

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