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31
Jul15

adios amigos

por oladolunar

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p> Escrevi este texto a pedido do Expresso em Abril passado. 11 personalidades encontrando pela música, soluções e fazendo um check-up ao país. Este texto trouxe-me alguns dissabores, os do costume. Afinal esta minha ingenuidade em apelar a outro sentido de voto foi uma pequena flecha dentro do coração liberal do maior jornal politico do país, que apenas admite a esquerda levezinha do Daniel Oliveira e do seu protegido Livre, esse fenómeno capa de jornal embora só junte meia dúzia de gatos pingados nas suas sessões públicas de salvação da pátria. Este texto for retirado e colocado online por várias vezes e aqui fica mais uma vez para quem não teve oportunidade de o ler. Algumas notas: - acredito mesmo que se deva mudar o sentido de voto do eixo maldito que nos governa desde o novo Portugal democrático. - não acho que o que parva que sou ou o princesa...sejam os hinos de uma geração revolta ou inconformada. não acredito nas manifestações Time Out que percorreram a cidade para desaguarem no Cais do Sodré ao sabor do gim importado - ainda ontem estive a beber uma cerveja com o Miguel Tiago deputado da CDU e gostava que ele chegasse a ministro. Não como os Portas sentido da pátria my ass das vidas, mas como símbolo de alguém que quer trabalhar para fazer melhor. de resto é lerem, um abraço e bom fim de semana! Que Portugal anda desafinado, todos sabemos. Aliás, é público que o nosso primeiro-ministro, esse barítono de papo cheio, nos quer levar em cantigas, mas estes navegadores de agora, toda a nossa massa cinzenta e empreendedora, já não cai no canto da sereia. É preciso mudar o disco, apanhar o ritmo. Na verdade, o fatalismo do Fado que exportamos ora com capa alegre, ora com sorriso triste, ou açucarado com outrora nas fazendas do Brasil, é coisa que nos colou à pele e já não sai. Seremos então todos fadistas de vocação e destino. Teremos todo este F tatuado na testa? O hip-hop deixou de ser social, a maioria pelo menos e passou a ser conto de fadas romântico para damas e princesas. Dali nem uma pedra sairá para afugentar as moscas do charco. A musica clássica é a das tardes do CCB para burguês ver e tentem entrar numa Gulbenkian ou num S. Carlos de jeans e tatuagens ao léu, e todos os olhares ainda se voltarão para vocês, com exactamente há quinze anos atrás quando fui ver o Fausto de Gounod, porque gosto, porque me encanta e porque fui para ver e não para ser visto. As feiras por esse país fora encerraram-se na brejeirice do tem fio o nabo, ao som de concertinas televisionadas, onde se dão mais subsídios que ao teatro em Portugal. O que interessa é o cabaz no fim, o vermelho das chouriças e das caras e das pernas das bailarinas Brasileiras. Que mais? O novo Pop ruma até ao passado e somos todos Heróis do Mar outra vez, todos Variações outra vez mas sem a acutilância, apenas letras inofensivas do fui ali e já volto ao Bairro Alto, apesar da crise os copos ainda são baratos, e os amigos altamente impressionáveis. Por fim entregámos o título de cantores de intervenção às pessoas mais betas do mudo, para as quais está sempre tudo bem, que dizem sempre o correcto, que estão no sítio certo á hora certa fingindo-se de parvos e vítimas para uma geração que muito mais que lutar, quer fazer a luta sentada, com os amigos ao lado, algo suave, que não seja muito alto, que dê para um pezinho de dança mas que fique tudo na mesma, quando discutimos os resultados da mania entre imperiais e tremoços. Sou suspeito, muito suspeito mas acho que falta ao país a dinâmica do Rock em todo os seus sentidos: o Punk, o Metal, o Stoner, que não sendo também eles intervenção pura, existem enquanto sociedade organizada de insatisfeitos limitada, uma panelita de pressão que pode ensinar muito acerca de como se faz as coisas com pouco, sem a mãozinha por baixo do estado e dos institutos que tal como na política, se recusam a experimentar a mudança radical e foram construindo um bloco central de música, povoado por burgueses e seus clientes, um lobbying que nos faz andar em círculos, mas sem tentar morder a própria cauda para sentir se estamos vivos. Por isso: mudar a dinâmica, berrar, tocar rápido, ir ao fundo das coisas é o que necessitamos: uma nova música, um novo paradigma, uma nova era. Sim vão votar no PS e no PSD outra vez, sim comprem sempre os mesmos discos, enganem-se com fados abrasileirados ou com kizombas ocidentais. O segredo da política em proveito próprio é manter tudo como estava. Eu continuarei a acreditar no Rock como sinónimo de mudança, nos partidos que nunca governaram, na CDU ao poder, porque não?, o que temos a perder? Às vezes temos de levantar o rabo das cadeiras dos auditórios, mandar fora toda a tralha publicitária com que bons enchem as mãos no festival e pegar na foice, no martelo, nas guitarras altas e bom som e gritar a plenos pulmões: basta! É tempo de acertarmos o ritmo, melhorar o conteúdo e deixarmos de ser ratinhos na roda. Pergunto outra vez, o que temos a perder? Let's rock'n'roll!!! FR



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